Chega de trabalhar com dor? Conheça o benefício da licença-menstrual, que já é realidade em algumas empresas e países

Chega de trabalhar com dor? Conheça o benefício da licença-menstrual, que já é realidade em algumas empresas e países

Inchaço, dor de cabeça, enxaqueca, cólica, indisposição. Qualquer pessoa que menstrua reconhece esses sintomas e sabe bem como eles podem afetar o desempenho profissional. 

Mas, poder justificar a ausência no trabalho por conta deles ainda não é a realidade da maioria das profissionais. Outras nem sequer se sentem à vontade para falar do tema dentro da empresa em que trabalham. Prova disso é que, segundo um estudo do aplicativo de monitoramento menstrual Flo, 49,7% das mulheres não sentem abertura para falar com superiores sobre o assunto.

Mas, com o avanço da discussão sobre equidade de gênero, essa realidade parece ganhar novos contornos — e a menstruação está deixando de ser um tabu dentro das empresas. 

Por isso, no Papo de Firma de hoje nós vamos falar sobre o benefício inovador da licença-menstrual. Onde essa prática já é lei? E quais empresas pioneiras no Brasil já possuem esse apoio para as colaboradoras? 

Vem com a gente! 

Licença-menstrual: o que é e como funciona

A licença-menstrual é uma política que permite às funcionárias se afastarem do trabalho durante o período menstrual, especialmente quando apresentam sintomas que dificultam a execução de suas atividades profissionais. 

A ideia é criar um ambiente de trabalho adaptado às necessidades fisiológicas femininas. Reconhecendo a menstruação não só como processo biológico, mas como um fator de saúde que influencia a produtividade e o bem-estar das profissionais. 

O que diz a legislação trabalhista atual? 

No Brasil, a licença-menstrual ainda não é um dos direitos garantidos ao trabalhador nacionalmente. Contudo, algumas ações, como o Projeto de Lei n.º 1249/22, em discussão na Câmara dos Deputados, tentam mudar essa realidade. Isso porque o texto propõe a inclusão de uma cláusula na CLT permitindo que mulheres com sintomas severos durante o período menstrual tenham dias de descanso garantidos.

Segundo esse projeto, as profissionais poderiam obter até três dias consecutivos de licença por mês, com a necessidade de apresentar um atestado médico que comprove a severidade dos sintomas. 

Enquanto tramitam as discussões em âmbito nacional, algumas regiões do Brasil já tomaram iniciativas próprias. Em março deste ano, a Câmara Legislativa do Distrito Federal, por exemplo, aprovou uma lei que garante até três dias de licença remunerada para servidoras públicas que sofrem com dores severas durante a menstruação.

Grupo MOL é pioneiro em licença-menstrual no Brasil

Com sede em São Paulo, o Grupo MOL reúne diversas organizações focadas em acelerar a cultura de doação. A licença-menstrual foi implantada na empresa em março do ano passado, no Dia Internacional da Mulher

Em entrevista exclusiva ao blog da Flash, Roberta Faria , cofundadora da companhia, contou que a iniciativa foi inspirada em exemplos internacionais. 

"A ideia surgiu a partir da legislação da Espanha e de pesquisas que fizemos sobre empresas em outros países que já adotaram esse tipo de benefício. Depois de ler as notícias e entender a legislação espanhola em relação ao assunto, reunimos os oito sócios (cinco são mulheres) para discutir o tema. E todos toparam na hora. A iniciativa reforça o que acreditamos sobre produtividade no trabalho: não é certo exigir que uma pessoa que está com dor execute plenamente suas funções." Roberta Faria, cofundadora do Grupo MOL

No Grupo MOL, a licença-menstrual é um benefício remunerado, sem descontos salariais. Pode ser usada por até dois dias, conforme a necessidade de cada pessoa, sem requerer atestado ou compensação.

Confira no blog da Flash a entrevista exclusiva com Roberta Faria e a experiência do Grupo MOL com a licença-menstrual 

Por que o tema vem ganhando espaço nas empresas? 

Para além dos benefícios para as pessoas que menstruam, a licença-menstrual pode ser vantajosa também para as empresas. 

Enquanto colaboradoras relatam melhoria do bem-estar físico e emocional, além de aumento da satisfação no trabalho, empresas conseguem ver aumento da produtividade e diminuição do absenteísmo. Afinal, com dor ou desconforto, as colaboradoras têm seu desempenho prejudicado ou precisam se ausentar mais vezes (e de forma não programada) do trabalho. Por fim, a marca empregadora também é fortalecida, já que a companhia ganha em reputação com uma medida como essa e mostra que apoia a diversidade de gênero. 

Saiba mais no blog da Flash sobre sobre as vantagens da licença-menstrual para empresas e colaboradoras.

Como é a licença-menstrual ao redor do mundo?

Alguns países têm leis específicas que garantem dias de descanso para pessoas que menstruam. No Ocidente, o primeiro foi a Espanha, que aprovou uma lei em fevereiro de 2023 permitindo o afastamento para profissionais que precisam lidar com fortes cólicas menstruais. A legislação não estipula um número mínimo de dias e, assim como outras condições médicas, determina que a necessidade seja comprovada via atestado médico. 

Outros países que garantem o benefício são:

  • Japão: adotou a licença-menstrual ainda em 1947. A lei permite que mulheres que sofrem de sintomas severos durante a menstruação possam se ausentar do trabalho durante esse período;
  • Coreia do Sul: segue um modelo similar ao do Japão, oferecendo um dia de licença-menstrual remunerada por mês, embora a adesão a essa prática varie entre as empresas;
  • Zâmbia: oferece um dia de folga por mês, conhecido como "dia da mãe", que não requer a apresentação de atestado médico;
  • Indonésia: permite que mulheres tirem dois dias de folga por mês durante o período menstrual.

O blog da Flash traz dicas para quem quer implementar a licença menstrual na própria empresa: veja aqui!

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Daniela Delgado

Psicóloga | Psicóloga Clínica | Palestrante de Saúde Emocional | Consultoria em Saúde Mental | Especialista em Inclusão de PcD | Atendimento para Empreendedores | Desenvolvimento Pessoal | Terapia

1 m

Por um mundo onde trabalhar com dor não seja normalizado e excludente!!

Mara Oliveira

Onboarding Analyst | CS - Customer Success | CX - Customer Experience | CRM | Suporte Técnico | B2B | B2C

1 m

A proposta é realmente incrível, e quase que um sonho para muitas de nós que menstruamos. Principalmente as que sofrem com endometriose, que é uma dor triplicada. Mas na realidade do nosso país, receio que será mais uma informação para ser eliminatória em um processo seletivo. Infelizmente, ainda temos empresas que não contratam mães, por exemplo. Então, acredito que a licença menstrual pode ser algo que vá prejudicar na mesma intensidade que beneficiaria. E por outro lado, seria um ponto positivo para a empresa, que ficaria muito bem vista no mercado e atrairia candidatos 💗

Mayara Thábata

Anfitriã de Hospedagem| Recepcionista | Customer Success | CX

1 m

Que mais empresas adotem essa iniciativa.

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