Quem cuida de quem cuida? Pesquisa inédita da Flash mostra que 8 em cada 10 RHs estão sobrecarregados

Quem cuida de quem cuida? Pesquisa inédita da Flash mostra que 8 em cada 10 RHs estão sobrecarregados

Olá! Que bom ter você por aqui mais uma vez no nosso Papo de Firma! Esta semana vamos mergulhar nos resultados da nossa pesquisa Panorama da Saúde Emocional do RH 2024, o único estudo que investiga a saúde mental dos profissionais de gestão de pessoas no Brasil. 

O estudo realizado pela Flash chega à sua segunda edição e mostra como o atual contexto do mundo do trabalho impacta a saúde mental dos profissionais de recursos humanos. 

Lançado no último dia 13 de junho no evento RecarregaRH, realizado pela Flash em ocasião do mês do RH, a pesquisa ouviu mais de 900 profissionais de recursos humanos de todo o país. Os dados mostram um RH exausto e ansioso, além de preocupado com o impacto da IA em sua carreira. 

Na edição de hoje, iremos falar dos destaques do estudo e trazer insights valiosos que surgiram no evento de lançamento, que reuniu especialistas e líderes de RH para debater a saúde emocional do RH. Vem com a gente! 

Highlights do Panorama da Saúde Emocional do RH 2024

  • Exaustos e sobrecarregados

82% dos RHs entrevistados afirmam estar sobrecarregados. E o excesso de trabalho tem se refletido em longas jornadas: 55% ultrapassam o expediente tradicional de 8 horas por dia. 

Além disso, mais de um terço (34%) diz sofrer pressão diariamente ou semanalmente e outros 30% no fechamento do mês. O número é 14% a mais do que o registrado na pesquisa do ano passado, o que pode apontar para uma cobrança maior em relação ao atingimento de metas. 

Como consequência do alto índice de sobrecarga e pressão, os RHs estão adoecendo e vendo colegas adoecerem. Segundo a pesquisa, 6 em 10 profissionais de gestão de pessoas enfrentaram algum problema de saúde mental no último ano. Quase 6 em cada 10 também disseram ter visto colegas serem afastados com esgotamento profissional, número 5% maior em relação ao ano anterior. 

  • O dilema da média gerência 

Entrincheirados entre a cobrança da alta gestão  enquanto precisam lidar com a expectativa e as necessidades dos colaboradores abaixo deles, a média gerência é conhecida por ser uma das camadas organizacionais mais estressadas dentro das empresas. E isso não é diferente entre os profissionais de gestão de pessoas.  

De acordo com o Panorama da Saúde Emocional do RH 2024, os RHs que ocupam a liderança intermediária são os mais propensos  a relatar níveis elevados de sobrecarga.

Baixe agora o Panorama da Saúde Emocional do RH 2024

  • AI-nxiety chega aos Recursos Humanos 

A ansiedade em função da inteligência artificial também tem sido tema na área de Recursos Humanos. No Panorama da Saúde Emocional do RH 2024, mais de 5 em cada 10 profissionais de gestão de pessoas expressam alguma preocupação relacionada à tecnologia. Outros 45% admitem que o sentimento de inquietação sobre a IA aumentou do último ano para cá. 

Quando avaliamos o quanto os profissionais de RH utilizam a inteligência artificial ou se sentem prontos para adotá-la no dia a dia, percebemos que a ansiedade em relação à IA pode surgir exatamente do medo do desconhecido. 

Isso porque 62% dos profissionais ouvidos na pesquisa Panorama da Saúde Mental do RH 2024 acreditam que a empresa em que trabalham não oferece os recursos necessários para desenvolver novas habilidades e utilizar a tecnologia. Na outra ponta, somente 10% dos RHs dizem que já utilizam de forma ampla essas ferramentas em suas rotinas profissionais.

Novas tecnologias são aliadas — não inimigas 

O Panorama da Saúde Emocional do RH 2024 permeou as discussões do Recarrega RH: cuidando de quem cuida, evento das Flash realizado em ocasião do mês do RH. Transmitido ao vivo no YouTube e que você pode assistir na íntegra aqui, o encontro reuniu especialistas para conversar sobre assuntos que são cruciais na discussão sobre bem-estar do RH. 

O painel de abertura “Como as novas tecnologias podem potencializar o RH”, trouxe Gustavo Viegas , people & culture officer da Cora; Mateus Oazem , consultor de futuros da Capgemini; e Marcelo Nobrega , especialista em inovação o RH e investidor. O foco era discutir como as novas tecnologias poderiam se tornar aliadas do RH e não mais um estressor para os profissionais. 

Gustavo da Cora, destacou que fortalecer a cultura corporativa é algo fundamental na redução do estresse e da ansiedade gerados pelas novas tecnologias. Para o executivo, entender como a tecnologia se conecta com os valores que a empresa quer promover é a pergunta nº 1 que deve ser feita antes de adotar qualquer solução. 

“Durante a pandemia, percebemos dificuldades nas interações entre as pessoas e implementamos um bot no Slack na Cora. Esse bot selecionava aleatoriamente duas pessoas para participarem de um café virtual juntas. Não foi uma solução simples, mas nosso foco estava na construção de relacionamentos e na criação de uma base sólida de confiança, fundamentais para o bem-estar psicológico”, afirmou Gustavo.

Para Marcelo, entender qual é a prioridade da empresa ao empregar a tecnologia vai ajudar a melhorar a sensação de sobrecarga que o Panorama da Saúde Emocional do RH 2024 mapeou.

"Priorizar o foco, escolher bem onde é que você vai investir o seu tempo. Vamos planejar onde a tecnologia vai nos ajudar, e aí é que vai fazer uma diferença para o negócio", avaliou. 

Mateus trouxe à tona a importância de convidar as pessoas para participar do processo de implementação das tecnologias. 

"Como eu priorizo e faço isso junto com as pessoas? Se eu tenho um time grande, não necessariamente eu sei onde está essa sobrecarga. Eu quero usar a tecnologia para trazer essas pessoas e a capacidade delas de criar para que elas ajudem a organização. A solução não está só na tecnologia, também está nas pessoas."

Não deixe de conferir todas as descobertas do estudo inédito Panorama da Saúde Emocional do RH 2024

 Saúde mental não é problema só do RH

Um dos temas discutidos no painel “Por dentro da nova lei de saúde mental”, com a presença de Gabriela Lima , advogada e sócia da área de trabalhista e previdenciária do escritório TozziniFreire Advogados, e Renata Rivetti , diretora da Reconnect Happiness at Work & Human Sustainability, foi sobre o papel das lideranças para a manutenção da saúde mental dos times. 

Ressaltando o dado do Panorama da Saúde Emocional do RH 2024 de que menos da metade dos entrevistados (49%) acredita que os líderes da empresa em que atua podem ser definidos como humanizados, Renata falou de como o comando e controle e o microgerenciamento tem adoecido as pessoas. 

“Alguns líderes não têm repertório, nem entendem a sua responsabilidade em relação à saúde mental, acham que o RH vai resolver tudo. E tem uma parte de líderes que acredita ainda que o modelo é comando e controle. O RH precisa trazer o tema e compartilhar essa responsabilidade. O RH não vai fazer a gestão das pessoas, não vai reconhecer e valorizar, não vai trazer senso de pertencimento, quem faz isso é o líder", afirmou a especialista. 

Gabriela completou, lembrando como a saúde mental está ligada, no fim das contas, a uma série de métricas de RH, e o retorno desse cuidado vem em produtividade, além de evitar processos trabalhistas.

"Hoje você tem que mostrar que se você tiver um ambiente saudável, os seus empregados produzirão melhor, o absenteísmo vai reduzir, vai reduzir o número de doenças e os afastamentos, reduz a utilização do plano de saúde e reduz o turnover. Tudo isso volta para a produtividade, para um melhor resultado da empresa."

Leia também: O que diz a nova lei de saúde mental

Quem cuida de quem cuida? 

Para fechar o RecarregaRH, o painel “O que o RH precisa desaprender para não adoecer”, com Andreza Maia , cofundadora e diretora de influência da Futuros Possíveis; e Daniel Spolaor , sócio e CEO da Escola Korú, levantou uma importante discussão: afinal, quem cuida de quem cuida? 

"Nossa área não é lida como uma área tão estratégica, mas sim como uma área voltada para o cuidado. Para mim, não dá para falar de RH sem colocar essa lupa de gênero, que é dizer que cerca de 73% das pessoas em gerência de RH são mulheres. Quando pensamos, de forma estrutural, qual é a percepção social que nós temos de mulheres no trabalho? É uma percepção de cuidado", afirmou Andreza. 

Com mais de 20 anos de atuação na área, Daniel trouxe sua percepção de que o assistencialismo não é o caminho para o desenvolvimento da área, e com uma mudança no modelo de atuação a saúde mental tende a melhorar.

"O papel de cuidar das pessoas é das próprias pessoas, não é do RH. O RH é facilitador nesse processo, ele pode treinar as lideranças. Liderar a discussão sobre isso: esse é, de fato, o papel do RH”, finalizou. 

Assista aqui tudo o que rolou no RecarregaRH 2024

E, você, o que achou das descobertas do Panorama da saúde emocional do RH?  Deixe seu comentário! 

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Gustavo Viegas

Ph.D, Diretor de Pessoas e Cultura na Cora | Simplificando a vida financeira das PMEs

1 m

Foi um prazer participar de um papo de altíssimo nível com o Marcelo Nobrega e o Mateus Oazem! E muito obrigado à Flash pelo convite e pela iniciativa de trazer dados que embasam o que aflige a tantos e tantas profissionais de RH atualmente. Espero que essa conversa ecoe pelos ambientes de liderança e iniciem bons papos sobre como cuidar de quem cuida das outras pessoas.

Marcelo Nobrega

Inovação e Tecnologia em RH, Investidor e Conselheiro de HRTechs, Palestrante e Mentor

1 m

A Flash tem realizado pesquisas que são ótimas direcionadoras para o RH

Cleide Floresta

Doxa Conteúdo & Design

1 m

Muito necessária esta pesquisa!

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